Parar de fumar é meio doido.
As pessoas perguntam como eu estou conseguindo. “Qual é o segredo?”, perguntou um amigo, logo depois que eu havia recusado um cigarro que ele me oferecia.
“O segredo é esse!” brinquei “Recusar quando oferecem, e não comprar quando dá vontade.”
A gente fala pra ver se parece mais fácil, né? Mas parece que é um esforço físico absurdo recusar um cigarro. Ver o colega levantar da mesa do trabalho com o maço na mão e não ir atrás. Passar pela banca de jornal com cigarrinhos pendurados na frente do caixa, cigarro solto a um real, e não parar pra comprar.
É a mesma sensação de quando você está quase dormindo mas precisa acordar. Você força o seu corpo a ficar alerta. Pra evitar um cigarro tem sido a mesma coisa: eu me forço a estar consciente, a pensar no que eu estou fazendo.
Às vezes chego a falar em voz alta:
“Você não vai fumar! Não tem essa de eu quero, eu mereço, só um, nada disso, você não. Vai. Fumar.”
Eu sinto um arrepio na nuca, nos ombros. Um golpe forte de razão e consciência.
Fumar é distração. Se recusar a fumar é assumir um estado de consciência, é recusar distrações.
Desde que eu comecei a parar de fumar, também tenho usado menos o celular. Mesma lógica.
É difícil. Mas tá dando certo.