Há mar.

Camila Smid
2 min readJun 26, 2018

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Há beleza em amar.

De todas as belezas desse mundo, amar é complexo, mas puro.

Complexo, pois facilmente se confunde com tantos outros sentimentos, tantas angústias que nos tomam, tantos afetos que nos cegam.

Puro, no entanto, se pensado por si só. Amar, só por amar, faz muito bem.

O amar, o amar sozinho, o amar mais puro, é querer que o outro seja feliz. Veja que desejar a felicidade não significa — inclusive, é muitas vezes o completo oposto de — ser responsável por essa felicidade. E a arte nos mente há séculos dizendo que fazemos felizes as pessoas que amamos.

Não é assim que funciona.

Não há como fazer alguém feliz. O que você pode fazer é cultivar carinho, cuidar, estar por perto, e mais um milhão de pequenas coisas que podem, eventualmente, fazer parte da felicidade de quem se ama. Mas você não vai fazer ninguém feliz. Só a si mesma.

Percebe a sutileza? O poder que nos colocam ao dizer que somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Ah, a responsabilidade é relativíssima. Eu sou responsável pelo que eu faço contigo, mas não pelo que faço de ti.

Assim como o mundo não é, nem nunca será, muito menos se sentirá, responsável pelo que fez de mim. Sou eu, minhas escolhas, ações, reações, e inclusive os caminhos que eu ainda vou tomar. A minha felicidade depende de quem eu me faço.

Quem me ama poderá fazer muito por mim. Mas nunca vai poder me fazer feliz. Isso aí é problema meu. Mas aí está a beleza em amar: aceitar que sou eu quem devo me fazer feliz, e ainda assim se importar — e ainda assim desejar que eu o seja. É se libertar da mesquinha sensação de que as pessoas são o que nós fazemos delas. Aceitar que cada um é o que se faz, e que o amor é se fazer juntos, mesmo que cada um a si mesmo.

Há beleza em amar. Há mar. E há medo de se afogar.

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Camila Smid

Deixo palavras por todos os cantos, algumas por acidente, outras por encanto.